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A nova variante pode ser boa para o mercado e para a economia?

Reflexão nesses dias voláteis...

Temos vivido dias voláteis no mercado… nada de novo, a volatilidade e a variabilidade dos preços dos ativos são uma constante. Nesses momentos de incertezas e sobe e desce, vale a pena nos apegarmos ao que os mestres ensinam. Benjamim Graham é considerado o pai do value investing além de ter sido o professor inspirador de Warren Buffet em sua jornada como investidor. Ele nos diz o seguinte:

No curto prazo o mercado é como uma máquina de votação onde cada um “aposta” no ativo que lhe parece melhor para aquele momento. No entanto, no longo prazo o mercado funciona como uma balança, onde as ações tendem a caminhar junto com o crescimento da lucratividade das ações.

Isso é algo que sempre comentamos aqui e parte da nossa filosofia enquanto investidores. Deixo-vos a reflexão. 

Nesse sentido, seguimos comentando os resultados em nosso podcast diário; além de um report com um resumo de resultados de mais de 100 empresas – report com mais de 100 resultados comentados.

Seguimos…

RECAPITULANDO…

Semana passada o Guilherme Zanin comentou que a variante Ômicron tinha meio que “estragado a festa” do thanksgiving…ele se referia a forte queda da Black Friday a qual teve sequência numa semana bastante volátil. Na verdade, a meu ver tivemos uma sequência de fatores que justificam essa volatilidade e queda do mercado:

  • Obviamente que a descoberta e a evolução rápida da nova variante da Covid, a Ômicron.
  • Tivemos Jerome Powell admitindo pela primeira vez que a inflação talvez não seja transitória e que o FED vai retirar os estímulos mais rápido do que previamente se imaginava.
  • Mercados se encontravam nas máximas e consequentemente qualquer novidade negativa acaba sendo um catalisador para realizações.

O resultado foi: um salto na volatilidade a qual se manteve alta ao longo da semana.

grafico 1

Uma queda no petróleo e nas commodities

grafico 2

Uma valorização do dólar em nível global – gráfico abaixo do DXY o índice dólar (esquerda) contra uma cesta de moedas. O Brasil não é uma ilha e não surpreende que o os gráficos se assemelhem – gráfico do Real contra o dólar (direita).

grafico 3

Mas essa paúra inicial parece ter passado.

UMA FORMA DIFERENTE DE OLHAR O CENÁRIO ATUAL…

Nesse momento quando lemos muitas coisas negativas, achei interessante a visão de Marko Kolanovic, do JP Morgan. Essa semana ele publicou um relatório que traz insights interessantes os quais vou resumir aqui.

A variante Ômicron já tinha sido noticiada dias antes de realmente “explodir” na mídia e apesar da celeuma criada com essa nova variante, a verdade é que o nível de hospitalizações e fatalidades oriundas nessa ainda é baixo. Não obstante, essa explosão acontece num dia de baixa liquidez de mercado que exacerba movimentos e ajuda a explicar as quedas fortes recentemente. Dito isso, olhando a frente, essa maior transmissibilidade da Ômicron, aliada a menor fatalidade, segue o padrão evolutivo de outros vírus tal qual a gripe, por exemplo. Logo, se isso é verdade, talvez essa nova variante possa ser um catalisador para o fim dessa pandemia, uma vez que só acelera um processo de vacinação e controle constante tal qual fazemos com a gripe. Em outras palavras, passaríamos a conviver mais com isso, sem se assustar tanto e sem questionarmos ou cogitarmos o fechamento de economias.

Temos que aguardar o avanço das notícias em relação a isso, mas é sem dúvida uma visão diferente que tem reflexos no mercado. Interessante notar que essa nova variante acabou já trazendo um impacto positivo: o número de pessoas buscando vacinação nos EUA aumentou nos últimos dias – confere na reportagem da CNBC. E se essa tese for verdade, seria prematuro qualquer mudança de carteira para uma cesta de ativos que se beneficiem de um lockdown, por exemplo. Da mesma forma, a queda do petróleo poderia ter sido exagerada, bem como a queda das ações que se relacionam mais com uma economia aberta. Enfim, ideias para pensarmos.

E NA PARTE MACRO….

Essa segunda-feira em nosso Conexão Avenue (nossa live semanal) vamos traçar um panorama macro para esse último mês do ano – não perca

Mas na sexta tivemos o Payroll que mostra a saúde do mercado de trabalho. Houve uma forte decepção com o número de vagas criadas, que ficou bem aquém do esperado. Por outro lado, a taxa de desemprego surpreendeu positivamente, mostrando o menor número desde a pandemia – a participação da força de trabalho também aumentou. Matéria da CNBC traz um bom resumo – confere.

grafico 4

Fora isso tivemos, os PMIs sendo divulgados. Tanto a indústria quanto o setor de serviços americano mostraram expansão. Na indústria foi o décimo oitavo mês consecutivo de crescimento.  No segmento de serviços, os dados de novembro sinalizam mais um mês de sólido desempenho, com a atividade de negócios e novos pedidos seguindo em expansão ainda que a uma taxa mais baixa – fonte.

Minha leitura é: apesar dos dados mais fracos no mercado de trabalho a economia americana segue crescendo. Obviamente que há uma desaceleração em curso, a qual é motivada também pelos gargalos logísticos da cadeia de suprimentos e da dificuldade de mão de obra em segmentos específicos. Ainda assim o crescimento projetado para o ano que vem segue na casa dos 3% a 3.5%.

MERCADO As quedas recentes do mercado seguem o mesmo padrão observado nos últimos meses…nada de significativamente novo ou que tenha alterado a tendência do mercado. Vejas quantas quedas de 5% a 10% já tivemos desde as mínimas de março de 2020:

E apesar das quedas e receios recentes, seguimos vendo um otimismo com o mercado americano. A tabela abaixo traz uma compilação das estimativas para o S&P500 para 2022. A leitura dessa tabela é a seguinte: existem diversas estimativas para o S&P em 2022; a maioria deve errar; independentemente disso o que vale é a percepção da maioria de que ainda existe espaço de valorização para o mercado em 2022.

Além disso, pelo lado positivo, vimos que houve um grande ajuste no índice de ganância e medo do mercado…da ganância ao medo em 1 mês!

Então, para quem estava esperando quedas e preços mais baixos, tivemos nos últimos dias fortes quedas. Para quem quer conhecer algumas alternativas de investimento, vamos postar na terça-feira (07/12) o relatório Seleção Avenue para apresentar alguma delas.

Era isso.

Aquele abs,

William Castro Alves – Twitter e Instagram