Uma realidade dos novos tempos é a velocidade com que as coisas acontecem. O dia continua tendo 24 horas e o ano 365 dias, mas temos a impressão de que está tudo mais rápido, não é mesmo? Parece verdade e tem acontecido no mercado
Por William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue Securities
O CURIOSO CASO DO S&P 500
Na semana passada, falei do curioso caso do mercado americano, que mesmo subindo não fica mais caro. Te convido à leitura.
MERCADO THE FLASH?
Uma realidade dos novos tempos é a velocidade com que as coisas acontecem. O dia continua tendo 24 horas e o ano 365 dias, mas temos a impressão de que está tudo mais rápido, não é mesmo? Parece verdade e tem acontecido no mercado. Olha que interessante este gráfico: ele mostra o tempo para que o S&P dobre de valor (alta de mais de 100%), nos diferentes bull markets vividos desde a Segunda Guerra Mundial.
Isso decorre da própria velocidade de recuperação da economia diante da crise por que passamos em 2020. Muitos criticam as injeções de recursos feitas pelas autoridades monetárias do mundo todo (bancos centrais), mas talvez o resultado tenha sido, sim, positivo!
O que temos visto é um mundo que saiu rápido de uma das maiores crises da história. O gráfico abaixo mostra o tempo despendido até o nível de emprego retornar aos patamares pré-crise em diferentes momentos da história – 30 meses, em média. Nos EUA, ainda não retornou, mas podemos ver pelo gráfico que estamos próximos disso.
À medida que a economia avança, as empresas tendem a vender mais e, consequentemente, lucrar mais. Se isso acontece, temos uma força positiva para segurar o bom desempenho do mercado.
MERCADO EFICIENTE?
O mercado americano, por ser o maior do mundo, é também o mais eficiente.
Como assim? Em que sentido?
Com um número muito maior de investidores acompanhando o mercado diariamente, ele tende a corrigir assimetrias mais rapidamente. Uma forma de se entender essa eficiência é colocar uma nota de US$ 100 no chão. Se você a deixar num local raramente acessado, ficará lá por algum tempo. Por outro lado, se você a colocar numa rua movimentada, muito rapidamente alguém vai notá-la.
LUCROS MAIORES
O que temos visto nessa safra de balanços são mais e mais empresas reportando resultados melhores do que o esperado pelo mercado e ainda revisões de guidances (projeções) para cima. Fora isso, a margem de lucro das empresas de tecnologia é sensivelmente maior que a de outros segmentos – vide gráfico abaixo.
Com uma maior participação dessas empresas no mercado americano, temos um cenário em que o mercado corrige, rapidamente, desvios de projeções sobre o resultado delas, incorporando as novas premissas (mais positivas) e precificando isso no desempenho da ação.
POR OUTRO LADO…
… Quanto mais o mercado sobe, mais cautelosos devemos ficar. Apesar de bons números nos resultados, sabemos que o mercado tende sempre a exacerbar movimentos, tanto para cima quanto para baixo. O gráfico abaixo (do banco Morgan Stanley) mostra que a relação de fluxo de caixa operacional dividido pelo valor de mercado do S&P 500 se encontra nas mínimas. Isso quer dizer que o mercado tem pago cada vez mais por um fluxo menor de dinheiro gerado pelas empresas.
Outra coisa para ficarmos de olho é que o VIX tem se mantido “comportado”, algo que sabemos que, com certa frequência, “chacoalha” essa aparente calma do mercado.
DEIXADOS PRA TRÁS?
E, para encerrar, tem me chamado atenção a performance mais fraca da bolsa brasileira vis a vis a americana. Sabemos que muitos dos nossos clientes também realizam investimentos em nossa pátria mãe. De fato, o Brasil ficou pra trás. Apesar de muitos colocarem na conta as nossas próprias mazelas internas – o que sem dúvida alguma contribui –, também há um fator global nesse quebra-cabeça. A pandemia tem sido deveras Darwiniana também quando o assunto são nações medianamente preparadas para crises. O que temos visto é que os mercados emergentes em geral têm sofrido, em especial nos últimos dois meses, gerando uma diferença de performance enorme entre os mercados. O gráfico abaixo compara o S&P 500 (linha preta) com o Ibovespa (linha verde) e o EEM, índice de emergentes (linha vermelha).
Agora parece mais clara do que nunca a necessidade de acesso a outros mercados, não é mesmo? Então #GOGLOBAL.
Era isso pessoal, aquele abraço!!!
WILLIAM CASTRO ALVES