Bolsa americana encerra o semestre com valorização de 15%
Por William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue Securities
Enquanto muitos esperavam uma correção, vimos o mercado americano atingir novas máximas sustentadas por dados que mostram que a economia dos Estados Unidos segue reabrindo em ritmo forte. Nesta semana, tivemos: índice de confiança do consumidor mais forte que o esperado, atingindo nível máximo em 16 meses; bem como indicadores do mercado de trabalho americano. Na sexta, tivemos o Payroll o qual mostrou a criação de 850 mil postos de trabalho, número bem acima dos 706 mil esperados. Mais uma vez um dos setores que mais se beneficiam da reabertura econômica foi o destaque em termos de criação de empregos. Abaixo a abertura dos empregos por setor.
O mercado seguiu vendo a volatilidade em níveis baixos, petróleo atingindo novas máximas e os juros de 10 anos cedendo ainda mais, rompendo a barreira dos 1.5%.
PARE, OLHE, ESCUTE…
Chegamos ao fim do semestre… meio ano já se foi… você irá piscar os olhos e já estará vendo decorações de Natal espalhadas por aí. Sim, os dias e a vida parecem passar muito rápido, esta me parece ser uma percepção comum. Então convém, de vez em quando, parar para ver onde estamos. O gráfico abaixo do S&P Global Market Intelligence traz um resumo das performances de diferentes classes de ativos.
A bolsa americana (medida pelo S&P 500) encerrou o semestre com uma valorização de 15%. Excetuando os investimentos atrelados a commodities (medidos no gráfico acima pelo S&P GSCI Crude Oil e pelo S&P GSCI), e a bolsa canadense (S&P TSX60), a qual também tem forte relação com algumas commodities, podemos dizer que o investimento na bolsa americana foi o que trouxe mais retorno até então. Para fins de comparação, a bolsa brasileira apresentou uma alta de 6.5%, menos da metade. Mais uma vez investir nos EUA se mostrou uma alternativa acertada, não somente pelo aspecto de segurança de investir num mercado mais consolidado, mas também pelo aspecto de retorno per se.
Como pano de fundo, tivemos uma economia global que sai da crise da Covid-19, cresce, em especial em seu setor industrial – a explicação para isso é que o setor de serviços sofre influência de setores que ainda não voltaram totalmente ao normal, como hospedagem e hotelaria, restaurantes e bares, viagens, entre outros. O gráfico abaixo mostra os PMI’s (Purchasing Managers Index, algo como Índice de Compras dos Gerentes), que busca medir o desempenho da atividade de diferentes economias. Números acima de 50 indicam expansão da atividade (economia cresce). Os EUA se destacam, por estarem com uma economia mais aberta e verem ambos os segmentos crescerem.
LÁ VEM O TREM?
Pare, olhe, escute, é o sinal que vemos perto da linha do trem… uma bela dica para não sermos atropelados. No mercado vemos poucos indicativos de onde viria esse trem… mas é sempre importante estarmos preparados. É exatamente nos momentos de alta e de “bonança” que devemos pensar nisso. Vivemos o que chamamos de bull Market, mas mesmo mercados de alta passam por correções. O S&P 500 atingiu o seu ponto mais baixo em 23 de março de 2020, o que significa que estamos três meses no segundo ano de mercado em alta. Quando olhamos a história, desde 1945, mercados de alta viram quedas de 10% durante o segundo ano, considerando ponto de máxima a mínima, de acordo com BMO Capital Markets. Essas reduções variaram de 5,1% a 16%. O gráfico abaixo apresenta os dados compilados.
Como sempre, não há como saber quando nem se uma realização de 10% virá, mas é sempre bom estarmos preparados. Na maioria das vezes, como cantava Marina, “nada é melhor do que não fazer nada”… falo isso em termos de carteiras… mas é sempre bom estarmos preparados.
Tradicionalmente o segundo ano de uma alta na bolsa americana tende a ser mais ameno. Bolsas antecipam movimentos econômicos e buscam sempre olhar para o futuro. Então essa forte atividade econômica que temos visto atualmente já foi precificada em parte. Com isso fica cada vez mais difícil para as empresas surpreenderem positivamente e isso explica um retorno mais ameno. Mas nesse sentido temos tido boas novidades. Na última safra de balanços, um número recorde de empresas do S&P 500 disse que seus ganhos do segundo trimestre seriam melhores do que os analistas esperam. Das empresas do S&P 500, 103 ofereceram um guidance, perspectivas maiores de lucros para o segundo trimestre, de acordo com dados da FactSet.
E corroborando isso, pesquisas de percepção e sentimento dos CEOs se mostram em patamares elevados.
Após as altas recentes, é normal o investidor se sentir um pouco reticente com o que há por vir. Se há uma certeza no mercado de renda variável, é a de que ela varia. Mesmo assim, o que quis mostrar é que existe um bom fundamento por trás dessa alta e desse otimismo que têm sustentado o mercado. O câmbio (relação Real por Dólar) parece apresentar uma boa janela de oportunidades para quem quer começar a investir em ativos dolarizados…. E, em termos de alocação, temos mais de 6 mil ativos, certamente existem oportunidades. Acesse o Seleção Avenue para algumas ideias de investimento.
LEITURAS INTERESSANTES…
- Aristocratas dos Dividendos. Recentemente em nosso podcast diário (Bom Dia USA) fizemos uma série com as aristocratas dos dividendos, empresas que pagam e aumentam seus dividendos há mais de 25 anos. O Visual Capitalist elaborou um gráfico com a lista das ações – confira.
- Carros voadores e a conquista do espaço? Parece coisa de outro mundo, mas nesta semana a empresa eslovaca Klein Vision mostrou ao mundo que pode ser possível termos carros voadores. Leia mais sobre. Nesta mesma semana vimos as ações “espaciais”, conquistando na verdade um espaço na carteira dos investidores com altas que chamaram atenção (link para notícia)
- IPO do Duolingo? Nesta semana a Duolingo, empresa de ensino de idiomas com sede em Pittsburgh, registrou seu prospecto preliminar de oferta de ações junto à SEC americana. O IPO ainda não tem data, mas já começou a movimentar o mercado e chamar atenção de investidores. Confere.
- 3 Ações da Fórmula Mágica americana? Desenvolvido por Joel Greenblatt, a Fórmula Mágica classifica ações com base em alguns indicadores de lucros e retorno sobre o capital. A tese ganhou fama e hoje é muito observada por muitos investidores. O site GuruFocus traz uma postagem interessante sobre o tema. Confira.
- Dating Restaurant? A empresa de encontros online Bumble lançou em Nova Iorque o seu primeiro café voltado para aqueles usuários que marcam seu primeiro encontro, com foco em refeições para compartilhar e que funcionem para um primeiro encontro. Ficou curioso? Confira.
Era isso, pessoal. Aquele abraço!!!