Por William Alves, estrategista-chefe da Avenue Securities
Essa semana tivemos comportamentos distintos no mercado americano. O Dow Jones e o S&P 500 devem fechar mais uma semana em alta e com novo recorde histórico. Em contrapartida, Nasdaq deve encerrar com queda. Os REITs também não foram bem e devem cair cerca de 1%.


Qual a lógica? Bora entender…
Na verdade o que ajuda a explicar essa queda das “empresas Tech”, a meu ver, reside na frase emitida pela secretária do tesouro Jannet Yellen: “caso a economia continue se aquecendo como está, é possível que seja necessário aumentar os juros em algum momento” – fonte.
Nada fora do óbvio dentro da fala dela, mas a possibilidade de incremento de juros caiu mal no mercado e foi usado como justificativa para venda de algumas ações. As ações de tecnologia têm grande parte do valor derivado do seu crescimento futuro – dos lucros e fluxos de caixa futuros trazidos a valor presente.
Ora, se a taxa de desconto usada para trazer os fluxos de caixa futuros a valor presente, aumenta, seria normal ver o valor justos das ações de tecnologia se reduzirem… em especial daquelas que que são mais dependentes de futuro, ou seja, que ainda tem modelos de negócios não lucrativos ou que tem dificuldades para mostrar seu valor.
Sobre os REITs a perspectiva de aumento de juros poderia afetar a demanda por imóveis e atingir em cheio esse mercado que tem crescido sustentado por taxas de mortgage historicamente baixas – taxa de financiamento imobiliário de 30 anos nos EUA.
Não se desespere
Quedas em ações são normais. Umas mais que as outras. Derivam de “n” fatores. Pode haver fundamento por trás, mas também pode haver exagero do mercado. O post do Guide To Investing ajuda a exemplificar isso…veja que interessante:
Não estamos dizendo que as ações que você possui vão subir…ninguém sabe isso e em renda variável não há promessas de retorno. Mas a analise histórica de alguns cases de sucesso mostram o mesmo…corriqueiramente vemos ações sofrerem, mas é no longo prazo que retornos consistentes são formados. Como Warren Buffet ensina o melhor amigo do investidor é o tempo.
Payroll assusta?
Fora isso tivemos o Payroll (relatório sobre o mercado de trabalho americano) divulgado na sexta que assustou tendo vindo sensivelmente abaixo do esperado – mercado esperava a criação de 978 mil empregos e o relatório reportou apenas 266 mil. Estaria a economia americana perdendo força?
Dando minha opinião, é cedo para falar. Uma justificativa para o número fraco é a dificuldade que alguns setores estão para contratar, logo, se não acham o profissional adequado para a posição, a empresa não contrata e isso afeta o número visto do payroll.
“I think this is just as much about a shortage in labor supply as it is about a shortage of labor demand,” essa foi a fala de Jason Furman um economista da Universidade de Harvard e um conselheiro do governo na administração Obama – fonte.
Abrindo o dado podemos ver que a indústria e construção, 2 importantes setores para economia e que empregam muita gente, tiveram impacto negativo nesse payroll.
Nesses setores vemos a necessidade de trabalhadores mais especializados, corroborando ao que comentei acima. Já nos segmentos de lazer e hospitalidade (hotéis, restaurantes, bares), normalmente posições menos especializadas seguimos vendo forte ritmo de contratações.


Vamos seguir acompanhando e monitorando. O lado positivo de um payroll mais fraco foi o arrefecimento das discussões sobre aumento de juros. Se a economia não está tão aquecida assim, por que subir juros?
Cenas dos próximos capítulos virão…
E a bolsa está cara?
Enquanto mais a bolsa americana sobe, mas vemos aqueles comentários de que o mercado americano estaria muito caro e que não vale a pena investir na bolsa americana. Será?
Partindo do pressuposto que investimos em negócios, e que esses são medidos de acordo com a sua capacidade de gerar lucros e dividendos para os seus acionistas, vemos que a margem de lucro das empresas do S&P 500 nunca foi tão alta. Será que a alta das ações não reflete simplesmente isso?


Corroborando a isso a safra de balanços segue mostrando que as empresas têm conseguido surpreender positivamente as expectativas do mercado. Até agora 72% das empresas do S&P divulgaram seus resultados sendo que 89% dessas bateram as expectativas de lucros e 80% bateram estimativas de receitas. Tão importante quanto superar as estimativas é mostrar crescimento.
Nesse sentido, os resultados mostraram crescimento de lucro de aproximadamente 45% e de 12% nas receitas – fonte. E lucros crescentes sustentam um maior pagamento de dividendos.


Outros 2 contrapontos a esse pensamento são: (1) a economia americana está em franco crescimento e isso sustenta os mercados; (2) temos políticas monetárias e fiscal também favoráveis ao mercado.
Ora qual é o desempenho da bolsa quando a economia cresce? Não há certeza sobre o futuro, mas o passado ensina certas coisas. Segundo Chen Zhao o Chief Global Strategist da Alpine Macro, mais de 90% dos ganhos no índice S&P500 ocorreram quando o índice ISM Manufacuturing aumenta (tal qual vemos agora).
Ativos ficam caros e baratos. Assimetrias sempre existem no mercado. Atualmente o que vemos existe de fato é uma economia e resultados que ajudam a justificar e sustentar as altas da bolsa americana.
Ficando mais pobre investindo em Renda Fixa no Brasil?
Não vou discorrer muito. Você precisa ler essa mensagem que preparamos para você.
Clica e acessa!


Até semana que vem.