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Uma reflexão sobre o que importa nos investimentos

O investidor perde muitas vezes por seguir seus instintos e não ter controle emocional devido

Normalmente essa é uma coluna para falar de conjuntura – o quanto o mercado subiu ou caiu, como foram os dados de inflação e emprego etc. Mas hoje vai ser diferente! Esse post é dedicado ao meu amigo Daniel Haddad com quem aprendo todos os dias e que hoje tenho o prazer de ter como colega e sócio na Avenue. Na próxima semana prometo escrever sobre as perspectivas para 2022, mas nessa semana quero seguir uma linha mais filosófica ou educacional, mas extremamente importante. Me acompanha!

Começo aqui com uma retrospectiva bem breve. O gráfico abaixo pontua diferentes fatos e eventos que aconteceram ao longo do ano e que geraram certas chacoalhadas do mercado. Ele nos mostra que SEMPRE temos eventos que aumentam a volatilidade e aversão a risco do mercado.

Nesses momentos a bolsa cai e tudo que lemos nos gera receio e medo de investir. Tudo que nos cerca urge por uma atitude a qual normalmente é: venda suas ações, saia do mercado. Os investidores são, por definição, avessos a riscos e buscam se proteger das oscilações. O problema é que ao seguir esse instinto, caímos numa cilada muito bem resumida nessa imagem:

O investidor perde muitas vezes por seguir seus instintos e não ter controle emocional devido. Não é à toa que Warren Buffet em suas entrevistas sempre ressalta a necessidade do controle emocional para todos os investidores.

E é interessante notar que quando damos um “zoom out”, ou seja, ampliamos o período de análise para anos, décadas, qual o desempenho do mercado? O gráfico abaixo mostra a valorização de $1 investido hipoteticamente no índice S&P 500 desde 1926. As diferentes cores se referem aos diferentes presidentes que comandaram o país – vermelho para Republicanos e azul para Democratas. Durante o período desse gráfico tivemos duas Guerras mundiais, um presidente assassinado, desastres naturais, inflação maior que 7% em diversos anos, bolsa caindo mais de 10% do topo por pelo menos umas 100x, crises diversas (Dot.com, 2008, Corona, etc), diferentes orientações políticas, empresas falindo, etc.

E interessante que mesmo com tudo que se passou as ações se valorizaram. Não estou dizendo aqui que elas vão continuar subindo para sempre. Eu estaria sendo leviano. No entanto, olhando a história, vemos que os cenários econômicos, políticos e as mais diversas dificuldades não foram capazes de mudar uma tendência de progresso dos EUA e do mundo. Essa é a mensagem positiva para 2022 que quero transmitir!

NÃO SOMOS ETERNOS

Mas um leitor mais criterioso e cuidadoso, tal como você, poderia indagar: ok, William, mas 100 anos é um tempo muito longo para maturação dos investimentos, afinal não somos eternos. O que eu responderia: você está coberto de razão, meu amigo!

Então a pergunta é: o que é longo prazo nos investimentos? Qual o prazo ideal para vermos maturação dos nossos investimentos? Para nos prepararmos para uma aposentadoria? Para comprarmos um apartamento? Para enviar nossos filhos ao exterior? Diversos sonhos, diversos prazos… mas olhando para investimentos podemos inferir algumas coisas olhando os dados. Análise da Vanguard mostra que a probabilidade de se obter retornos positivos no mercado é diretamente proporcional ao tempo alocado no investimento. Fazendo a leitura do gráfico ele nos diz que a probabilidade de se obter um retorno positivo num investimento de um dia no S&P é de 54%; em uma semana 58%; em um mês 64%; em um ano 82% e em 10 anos 91%.

Não é a toa que Charles Munger fala:

“The big money is not in the buying and the selling, but in the waiting.” / “Os ganhos relevantes não estão em comprar e vender ações, mas em esperar” (tradução minha).

Então me parece razoável a afirmação/ideia de que 10 anos é um bom prazo para os investimentos maturarem. E, olhando o passado, o que vimos foi a volatilidade se dissipando e retornos em sua maioria positivos (91% dos casos). 

CONCLUINDO

Vejo três fatores como muito importantes para investimentos: (i) a arranjo de carteira e de ativos; (ii) controle emocional para os momentos de volatilidade; (iii) paciência para vermos nossos investimentos maturarem. O problema é que a maioria das pessoas foca muito no fator “1” e se torna negligente com os fatores “2” e “3” que são igualmente importantes. Para 2022 procure pensar e fazer aquela autoanálise: será que estou focando muito apenas no fator “1” nos meus investimentos?

Semana que vem volto com o que podemos esperar para 2022 sob o ponto de vista macro e de bolsa.

Era isso

Aquele abs

William Castro Alves – Twitter e Instagram