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“Com a Taxa Selic que temos atualmente e o nível baixo de crescimento, precisaríamos de um superávit primário bem maior para estabilizar a dívida”

Raone Costa, economista-chefe da Alphatree, explica as projeções fiscais para o Brasil em 2022

O Valor Econômico consultou mais de uma dezena de instituições financeiras para entender se o mercado vê, de fato, uma piora fiscal para o Brasil nos próximos anos.

A mediana mostra que os especialistas projetam um superávit do PIB de 0,1% em 2021, porém um déficit de 0,9% em 2022. A relação entre a dívida bruta e o PIB indica um aumento de 81,7% para 84,4% no novo ano.

Para Raone Costa, economista-chefe da Alphatree Capital, o resultado primário consolidado do setor público será de 0,2% em 2021 e de -0,6% em 2022. Na projeção de Costa, a dívida bruta sobe de 82,7% do PIB para 85,4%.

“Esse primário positivo é pela contribuição de governos estaduais e municipais, algo bem atípico. Isso não deve acontecer nos próximos anos e o primário deve sofrer um baque”, diz o economista-chefe da Alphatree Capital. “Nas minhas contas, vemos um primário em ligeira recuperação, saindo desse patamar de -0,6% do PIB em 2022 para algo em torno de zero em 2026. Esse nível de primário é insuficiente para fazer frente à situação da dívida brasileira. Com a Taxa Selic que temos atualmente e o nível baixo de crescimento, precisaríamos de um superávit primário bem maior para estabilizar a dívida.”

No início de dezembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa básica de juros para 9,25% ao ano. A próxima reunião do Copom está marcada para acontecer nos dias 1º e 2 de fevereiro de 2022. A dívida pública federal chegou a R$ 5,499 trilhões em novembro.